sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A nova fase de Júpiter Maçã

Músico gaúcho surpreende o público maringaense com performance sóbria; em entrevista, revela viver um momento de “checagem e retrospecto”

Flávio Basso recentemente passou três meses enfurnado em uma chácara, a fim de realizar uma “checagem existencial”, de acordo com a sua própria definição. Mal terminou o retiro, Basso, que responde pelo codinome de Júpiter Maçã, já está demonstrando algumas mudanças em seu comportamento imprevisível.

Quem esperava contemplar o roqueiro camaleônico completamente embriagado, rolando pelo palco do Tribos Bar, ao melhor estilo Amy Winehouse, frustrou-se. Sereno e tranquilo, Júpiter Maçã apresentou seu último disco, o excelente ‘Uma Tarde na Fruteira’, pela primeira vez em Maringá, no último fim de semana.

Em entrevista para a FOLHA, o músico multifacetado afirma que está vivendo um momento de reflexão e que sua obra é “mais expansiva” do que o cenário underground.

Você se considera um artista camaleônico?

Eu tenho observado que eu sou um cara que muda muito de trabalho para trabalho e cada fase, de certa forma, consegue ser traduzida em álbum. Eu sou um artista bem mutante ou mutável. Olhando para mim, em retrospecto, eu detecto o quão eu me transformo.

Qual é a sua fase favorita?

É difícil dizer a minha fase favorita. Tem algumas coisas introspectivas, outras mais glamurosas. Tem o período mod, o exibicionista e os períodos mais lisérgicos, em que eu não brincava de lisergia, era uma coisa séria. Eu vivi todos os períodos intensamente. Agora estou em um período de olhar para todos eles. É um período de checagem e retrospecto, de revisitação, de “look around”. Esse show atual tem passado por todos os momentos da minha carreira. Mas eu continuo criando e eu já tenho as novidades. Eu sinto um disco latente chegando, que pretendo começar a gravar nas próximas semanas. Esse disco vai traduzir o meu período atual.

Como você lida com o cenário independente?

É um independente que fica de raspão no mainstream. O main flerta comigo e eu acabo, por várias circunstâncias, sendo um artista indie.

E com relação ao universo underground?

Embora minha formação, e desde que eu adotei o pseudônimo Júpiter Maçã, minha escola seja underground, eu não me considerado aprisionado ao underground. Minha essência pode ser under, mas a obra é mais expansiva. Eu não tenho que lutar por certos valores.

O que você acha da diferença entre idades do seu público?

O público vai da faixa dos teens até os quarentões, os cinquentões. Eu acho isso muito interessante, porque por trás disso tem a arte. A soma do que poderia traduzir o meu trabalho é música, são os poemas, a maneira como eu concebo isso em um álbum, o jeito da interpretação, o grupo que está envolvido trabalhando comigo, tudo isso é um reflexo da engrenagem.

É possível ganhar dinheiro com rock?

Existem bons momentos e maus momentos. Eu faço um malabarismo com as minhas equações.

Qual foi a maior lição que você aprendeu no cenário underground?

Nunca seja um bunda mole!

Publicada na Folha de Londrina (22/04/09).

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